terça-feira, 11 de outubro de 2011

CEL. GÉLIO FREGAPPANI - SUPER COMENTÁRIOS

Comentário nº. 111–08 de outubro de 2011
Assuntos: Os Três Poderes; A Comissão da Verdade; Assuntos Internacionais
Os Três Poderes
Estamos mal! O Legislativo já perdeu a legitimidade. A gota dágua foi a absolvição da Jaqueline Roriz, contra a quase unânime opinião nacional. Não se confia nele. O repudio é geral. Não há mais quem o defenda e o povo clama por sua redução. Nesse caminho estará, a médio prazo, condenado à extinção.
O Judiciário também claudica. Suas decisões como a da Raposa-Serra do Sol retiraram-lhe o apoio dos nacionalistas e a do Battisti de muitos mais. A inação no caso do mensalão e da Sartiagraha acabaram com o resto da confiança. Seu corporativismo no caso do STJ causou mais repulsa. Infeliz da nação cujos Juízes merecem ser julgados”, é o que se fala na imprensa. Só não está no nível do repúdio ao Legislativo por não ser assunto de atenção da grande massa, mas se acontecer revolta contra o legislativo, fatalmente será envolvido, e tal como a este, ninguém o defenderá.
Ainda que mereça ser ressalvada a figura da presidente, o Executivo sofre as justas críticas sobre a deficiente equipe ministerial herdada do governo anterior. O pior ministro parece ser o Haddad e a mais tola a Iriny. A Nação reclama da interrupção da “faxina”, que, levada avante elevaria Dilma aos pícaros da popularidade. .
Ao que pese a indignação popular contra o acobertamento da corrupção, particularmente no legislativo, não é de esperar mudanças não democráticas enquanto a economia estiver bem. Entretanto as demais condições estão presentes, e nossas instituições, como uma frondosa árvore, enfraquecida por exuberante cobertura de parasitas, com a seiva sugada pela bonita capa que a enfeita, mas mina suas forças, só se sustenta quando tudo está calmo e está pronta para desabar na primeira tormenta.
Isto é muito perigoso, não pelas mudanças que poderão até livrar-nos das pragas, mas num mundo de olho em nossos recursos naturais, haverá alguma facção política pronta a cedê-los em troca de apoio. Sempre foi assim na História.
A Comissão da verdade
Reabrir as feridas é no mínimo falta de senso comum. Aparentemente motivado pela causa marxista, talvez até seja uma espoleta acionada propositalmente para causar a explosão, com os mais inconfessáveis objetivos. A designação do relator tira toda esperança de lisura que pudesse haver
O projeto, ao jogar os militares no covil das hienas, atinge diretamente a hierarquia e a disciplina castrense na medida em que os chefes militares, com o silêncio imposto, permitem ameaçar seus antigos comandantes.
O passado recente mostra a capacidade de combate desses senhores que facilmente dominaram as guerrilhas urbanas e rurais. Todos eles, já idosos, nada tem a perder, a não ser uns poucos anos de vida. Pode-se esperar deles uma conformidade de cordeiros? Jamais. É claro, ameaçados, arreganharão os dentes e vão morder. E os dentes deles costumam acertar no alvo.
Os militares da ativa os deixarão sós? Claro que não. Observando a anulação das Forças Armadas da Argentina e da própria nação após a prisão dos participantes da repressão, sentirão o que acontecerá com eles e com a Pátria. Sabem que não podem mudar o passado, mas que o futuro dependerá do correto uso de suas armas..
Assuntos internacionais e o nosso País
MinériosO Brasil não pode ser apenas um país produtor de matérias-primas - Deve também impulsionar o setor industrial, afirmou a presidente. É hora de passar a ação, mas é difícil com os ministros que temos. Mesmo como fornecedor de comodities, marcamos bobeira. A China vai reforçar o controlo estratégico sobre as terras raras, visando o "desenvolvimento sustentável e saudável".Eis uma oportunidade para o nosso mineral, que temos em abundância comparável à China,mas nossos “colaboracionistas” cogitam de entregar nossas jazidas – em terras indígenas, à mineradoras estrangeiras.
Adiada a Guerra – Parece que a OTAN desistiu de invadir a Síria agora, (caminho do Irã) mas o massacre de cristãos nos países islâmicos terminará por justificar a guerra pelo petróleo. A falaciosa proteção à população civil não cola mais, mas a perseguição aos cristãos, bastante real, fala mais alto ao coração e é um motivo mais coerente. Fornecerá justificativa moral para a política da OTAN, de garantir seu suprimento de matérias primas .
O direito reside na força – Ainda que nosso discurso externo esteja bonito e altivo, sem a força não passa de choradeira. No mundo atual, só armas nucleares e meios de “entrega-las” criam respeito. Fora destas, anda podemos desenvolver submarinos, mísseis antiaéreos e guerrilhas, tornando dispendiosos os bombardeios e impossível a ocupação, mas nada nos defenderia de ameaças nucleares a não ser a possibilidade de retaliação.
O ecoxiita Al Gore
O mentiroso e falsificador Al Gore comprou recentemente uma casa de praia em Montecito, Califórnia, no valor de 10 milhões de dólares, quase ao nível do mar. Pelo jeito, nem o próprio estelionatário, acredita em suas próprias previsões catastróficas do aumento do nível do mar..
Os efeitos colaterais da Campanha do Desarmamento
Certamente até o final da efetiva implantação da campanha, os crimes tipo assalto, roubo e seqüestro aumentariam de 300%, pela certeza da não resistência. Felizmente sua implantação é impossível, seja qual for o rigor da lei, pois qualquer pessoa que possa comprar um cano metálico e mandar soldar uma culatra fabrica uma elementar arma de fogo em minutos. Um bom torneiro então, pode fazer armas muito mais sofisticadas, do que as vendidas no comércio. Um efeito colateral é colocar uns 20 milhões de brasileiros fora da lei, e quem se sente fora da lei, se esquiva da presença policial como se bandido fosse.
Há poucos dias foi apreendido um magnífico revolver de cinco tiros, calibre 12, todo em inox, feita em alguma oficina de torneiro. Foi a mais poderosa arma curta que soube existir. Nosso povo é criativo. Pode fazer qualquer arma, e se não lhe for permitido fará clandestinamente. Por que não permitir, devidamente registrado e controlado? Porque nossas autoridades não acreditam em nossa gente; julga que só as firmas estrangeiras têm capacidade. Criam tantas barreiras que forçam a desistência
Um brasileiro –Fernando Humberto, - fabrica nos Estados Unidos o fuzil ponto 50 para snipers, e não pode fabricar no Brasil pelas regras absurdas e mal interpretadas do próprio Exército. Isto é um outro efeito colateral dessa absurda campanha, mas o pior dos efeitos é o acovardamento da população, com o conselho “não resista, é perigoso” e com a retirada dos meios de resistência. Assim, o nosso amado Brasil, (também desarmado), estará acostumado a não resistir em face de qualquer ameaça, e cederá quando lhes tomarem a Amazônia.
Que Deus guarde a todos nós
Gelio Fregapani
PS – Pretendo fazer comentários extras de assuntos militares. Como nem todos se interessam, só mandarei para quem me solicitar .
ADENDO: COMO REVERTER O DECLÍNIO DO OCIDENTE
Como Reverter o Declínio do Ocidente
Jonathan Sacks
Setembro 2011
(Lord Jonathan Sacks é o Rabino-Chefe da Inglaterra)
Tradução Herman Glanz
Pioneiro da Sociologia: Na sua Filosofia da História, Ibn Khaldun reconheceu o valor da "Asabiyah" (coesão social)
Não está claro que o Ocidente enfrentou com sucesso o desafio do 11 de setembro. Pior ainda: não está claro que o Ocidente compreendeu plenamente que desafio é esse.
Para entender 2001 devemos retornar a 1989, o ano do colapso da União Soviética, o fim da Guerra Fria, e a Queda do Muro de Berlim. Foi um momento histórico que muito poucos esperavam acontecer. O que isso significa? Foi aí que duas histórias nasceram, com uma das quais estamos familiarizados, mas a outra parece não conhecemos ou não a entendemos de todo.
A primeira conclusão foi de que o Ocidente saiu ganhando. O Comunismo implodiu. No fim, fracassou em oferecer o bem que prometia. As pessoas querem liberdade. Procuram abundância e riqueza. A União Soviética não ofereceu nada disso. Politicamente foi um Estado repressivo. Economicamente foi ineficiente. Para ter liberdade é necessária a democracia liberal. Para ter riqueza é necessária a economia de mercado. 1989 marcou a vitória de ambas. Daí em diante o capitalismo democrático se espalharia vagarosamente através de todo o mundo. Adaptando a frase de Francis Fukuyama sobre o tempo, foi o começo do fim da história.
A outra conclusão foi bem diferente, mas tem a vantagem de ter sido provada como a correta. Diferentemente de Fukuyama, não se baseia em Hegel, mas num pensador islâmico do Século XIV, Ibn Khaldun. Pouco se sabe a respeito de Ibn Khaldun no Ocidente, mas deveríamos saber. Foi um dos grandes pensadores da Idade Média. Possui todos os atributos para ser considerado o primeiro sociólogo mundial. Somente 300 anos depois o Ocidente produziria uma figura de comparável originalidade: Giambattista Vico. Ambos produziram noções convincentes da ascensão e queda das civilizações.Ambos sabiam o que muita gente, na maioria das vezes esquece: de que as maiores civilizações eventualmente desaparecem. O motivo nem sempre é necessariamente o surgimento de um poder mais forte. É a própria decadência interna.
Muitas das explicações a respeito da al-Queida se focam na influência do pensador e crítico do Século XX a respeito do Ocidente: Sayyid Qutb. Esta influência ocorreu de fato. Mas a estória, no fundo, dos líderes da al-Queida, começou em 1989, sem a qual o 11 de setembro não será entendido, e tem menos a ver com Qutb, o ódio ao Ocidente e suas liberdades; e tem muito mais a ver com com a Queda do comunismo e a retirada, em 1989, do exército soviético do Afeganistão.
Foi esse acontecimento que colocou em movimento o rápido colapso de uma das duas superpotências mundiais. Tal foi conseguido não pelos Estados Unidos e seu poder militar, mas por um pequeno grupo de combatentes, os mujahideen, e aqueles que os apoiaram. A teoria de Ibn Khaldun era de que cada civilização urbana se torna vulnerável quando cresce sua decadência por dentro. As pessoas vivem nas cidades e se acostumam na luxúria. O rico cresce indolente, o pobre ressentido, revoltado. Há uma perda de asabiyah, palavra-chave para Khaldun. Poderíamos traduzi-la como “coesão social”. As pessoas não mais pensam em bem-comum. Não querem mais fazer sacrifícios um pelos outros. Essencialmente, perdem a vontade d e se defender. Tornam-se presas fáceis para os habitantes do deserto, pessoas habituadas a lutar pela sobrevivência.
Para aqueles que observam a história sob este ângulo, era o que estava ocorrendo no Afeganistão. Nunca seria possível para um pequeno grupo derrotar uma superpotência por meios convencionais. Mas poderia infligir, continuamente, baixas após baixas até que, eventualmente, a superpotência – mais parecendo um pesado elefante do que um leão ferido – decidisse pela retirada. Os habitantes do deserto são pessoas famintas, mais brutos e menos piedosos do que os habitantes da cidade, que anseiam, mais do que tudo, por uma vida calma e confortável.
Esse foi o cálculo. O fato é que funcionou. E aqueles que combateram a União Soviética viram, admirados, o efeito da vitória. Não somente os russos se retiraram, mas, pouco tempo depois, todo império desmoronou. Ibn Khaldun estava certo. A sociedade foi se destruindo por dentro. Perdera a sua asabiyah, sua coesão. Perdera sua vontade de lutar.
Se este pequeno grupo de combatentes, altamente motivados com sua religião, poderia derrotar uma superpotência, porque não derrotar a outra, a América e o Ocidente? A América não pode ser derrotada no seu próprio terreno. Mas se tentada, provocada a ocupar o mesmo terreno que já tinha visto a humilhante retirada do exercito soviético, o mesmo Afeganistão? Para que isso acontecesse seria necessária uma provocação fortíssima, chocante, que levaria todo mundo a esquecer o que era sabido, que o Afeganistão é uma armadilha mortífera, que acaba derrotando todos os exércitos que o invadem. Foi aí que nasceu o 11 de setembro. (O único exército que entrou e saiu vitorioso do Afeganistão foi de Alexandre, o Grande. NT).
A teoria é que os americanos e russos podem ser diferentes em todos os outros aspectos, mas compartilham esta situação: são civilizações urbanas avançadas nas quais, a ligação social, asabiyah, se mostra fraca. Não são mais magros e famintos. Acham-se acima do peso normal e não mostram capacidade para fazer sacrifícios. Caso fosse possível provocar a América para tomar o Afeganistão, poderia ser derrotada exatamente como foram os soviéticos, não numa batalha decisiva, mas mantendo uma guerra assimétrica. A prova existente de que tal ocorreria foi a retirada das tropas americanas do Líbano em 1984 e da Somália em 1994,exatamente nas mesmas circunstâncias. Não disporiam de mais poder para permanecer, tal qual aconteceu com os russos. Tal qual os ru ssos, dentro de uma década, estariam buscando uma estratégia para a retirada. O 11 de setembro foi uma tentativa para atrair os americanos para o Afeganistão, e deu certo.
A finalidade da al-Queida nunca foi fazer o colapso do Ocidente. Foi conseguir a retirada das tropas americanas da Arábia Saudita, juntamente com o desejo maior para o retorno do Califado e o ressurgimento da Umma como potência mundial. Mas o colapso do Ocidente fora previsto. Não era um fim em si, mas a consequência, e decorre da teoria de Ibn Khaldun a respeito do declínio e queda das civilizações.
Foi o que ocorreu? Mas depois de dez anos, os Estados Unidos foram humilhados com a renegociação de trilhões de dólares de débitos. As economias do Ocidente, quase todas, estão doentes. A União Européia está machucada, seu futuro em dúvida. Ocorreram manifestações e pilhagens nas ruas de Londres e Manchester, assim como ocorreram, há poucos anos, na França, Grécia e Espanha. A economia global parece mais distante da estabilidade do que estava antes do colapso em 2008. Na Europa, em seqüência a uma série de escândalos, banqueiros, políticos, jornalistas e até a polícia foram julgadas e consideradas culpadas. Aqueles que se dedicam a ler as cartas mágicas do futuro estão dirigindo seus olhares para o oriente da Índia, China e as economias do sudeste da Á sia, em crescimento acelerado. O Ocidente não mais parece invencível. Como um discurso, o “fim da história” se mostrou menos previsível do que o “declínio das civilizações”. Portanto, Hegel 0 x Khaldun 1.
O verdadeiro desafio do 11 de setembro não é o que pareceu ser na ocasião: Osama bin Laden, al-Queida, Sayyid Qutb e islã radical. Eram verdadeiras ameaças que se apresentavam, mas eram sintomas e não causa. O desafio foi a queda da saúde moral das democracias liberais do Ocidente, o asabiyah, o sentido de identidade e responsabilidade coletiva, o comprometimento de uns para com os outros e os ideais que os criaram. O discurso contrário de 1989 e a queda do comunismo soviético não seriam vistos como uma vitória do Ocidente, mas como a conseqüência da lei da história, que diz: todas as grandes civilizações acabam em declínio, eventualmente, e o Ocidente será a próxima civilização a cair.
Este ponto de vista não está limitado aos inimigos do Ocidente. Foi recentemente dito pelo historiador de Harvard, Niall Ferguson, no seu Civilização: o Ocidente e o Resto. Foi formulado de maneira mais contundente por Alasdair Macintyre, na sua obra-prima, Depois da Virtude. Minha versão favorita deste ponto de vista vem de Bertrand Russell na sua introdução da História da Filosofia Ocidental, quando fala sobre a tendência das mais criativas civilizações para a auto-destruição:
O que teve lugar na época do esplendor da Grécia, voltou a ocorrer na Renascença italiana. As condicionantes da moral tradicional desapareceram, porque eram vistas como associadas à superstição; a libertação dos grilhões fez os indivíduos mais fortes e criativos, produzindo um raro florescimento de gênios, mas também a anarquia e a traição, o que, inevitavelmente, resultou na queda dos princípios morais, tornando os italianos coletivamente impotentes e eles caíram, tal qual os gregos, sob o domínio de nações menos civilizadas do que eles, mas que não eram tão destituídas de coesão social.
 Coesão social é o que Ibn Khaldun chamou de asabiyah. E a descrição de Russell da Renascença italiana cabe precisamente no capitalismo ocidental de agora, pós-moderno, com sua demanda por consumo e gastos e fracasso para economizar, seu relativismo moral e hiperindividualismo, sua cultura política de direitos sem responsabilidades, seu agressivo secularismo e ausência de qualquer restrição moral, e seu fracasso para inculcar os hábitos do instinto de preservação, que Sigmund Freud considerava como a verdadeira base da civilização. Sayyid Qutb odiava o Ocidente. Ibn Khaldun teria piedade do Ocidente. E a piedade é mais séria do que o ódio.
.Temos uma simples escolha diante de nós. Continuaremos a agir ignorando esse outro discurso? Se assim, replicaremos o destino da Grécia no segundo século antes da era cristã, como descrito por Polybius (o povo de Hellas entrou no falso caminho da ostentação, avareza e da indolência”), e o de Roma, dois séculos depois, quando Livy escreveu “como, com o gradual relaxamento da disciplina a moral foi decaindo, depois afundou cada vez mais, e finalmente começou a mergulhar mais fundo, levando-nos ao momento presente, quando não podemos sustentar nem nossos vícios nem a cura deles.” Continuando no caminho em que estamos, o Ocidente irá declinar e entrar em queda.
Existe somente, para mim, uma única alternativa sã. Aquela que a Inglaterra e América adotaram nos anos 1820. Estas duas sociedades, profundamente secularizadas, depois do racionalismo do Século XVIII, feridas e fraturadas pelos problemas da industrialização, vagarosamente começaram a se re-moralizar, renovando-se deste modo.
As três décadas, 1820-1850, experimentaram uma proliferação sem precedentes de grupos dedicados a construir escolas para reforma social, política e educacional, YMCAs (Associação Cristã de Moços, NT), orfanatos, iniciando grupos anti-alcólicos, de caridade, sociedades de amigos, campanhas pela abolição da escravatura, contra os castigos corporais e trabalho em condições desumanas e trabalhando pela ampliação do direito de voto. Aléxis de Tocqueville se mostrou surpreso com o que viu na América e o mesmo processo ocorria, simultaneamente, na Inglaterra.
As pessoas não deixaram as providências por conta do governo ou do mercado. Fizeram por elas mesmo, nas comunidades, congregações, grupos de todas as formas e tamanhos. Compreenderam a conexão entre a moralidade e o moral. Sabiam que somente uma sociedade unida por fortes laços morais, pela asabiyah, terão chance de ter sucesso no tempo. O esforço coletivo de re-moralização fez a Inglaterra a maior potência mundial no Século XIX, e a América no Século XX.
É a peculiaridade do monoteísmo Abraâmico que é visto como sendo o coração da sociedade, a idéia da Aliança, do Pacto. Alianças políticas são políticas, com a finalidade de elevados ideais, entre os quais a santidade da vida, a dignidade do indivíduo, o direito da justiça e da compaixão, e os cuidados para com os pobres, as viúvas, o órfão e o estrangeiro. G. K. Chesterton chamava a América uma “nação com alma de igreja”. A Inglaterra era assim também. Nos anos 1950 não havia Televisão em certas horas do domingo para não impedir ir à igreja. Os domingos ajudavam as famílias a se manterem unidas, as famílias ajudavam a manter as comunidades unidas, e as comunidades ajudavam a manter as sociedades unidas. Eu, como judeu, crescendo numa nação cris tã, não me sentia ameaçado. Sentia-me apoiado por esse fato – muito mais do que agora, numa sociedade mais tolerante, mas ao mesmo tempo mais atritada, mais rude, mais agressiva.
O que é único na aliança é sua forma infinita de renovação. Assim se deu na Bíblia, nos tempos de Josué, Josías e Ezra. Teve lugar na América entre 1820 e 1850, no Segundo Grande Despertar. Teve lugar na Inglaterra, ao mesmo tempo, nas grandes reformas sociais e filantrópicas Vitorianas. A aliança derrota a lei da entropia que estabelece que todo sistema perde energia com o tempo. A Aliança cria energia renovável. Tem o poder de segurar, e até reverter, o declínio e queda das nações.
Nenhum de nós deve ter qualquer dúvida sobre a seriedade daquilo que está no cerne dos problemas da Europa de hoje, a busca pela quimera de sociedades sem compartilhamento de códigos morais, de nações sem identidades coletivas, culturas sem respeito pelas tradições, grupos sem preocupação com o bem-comum, políticos sem o mínimo senso de história. Ibn Khaldun, se vivo, diria precisamente aonde tudo isso conduz.
A questão não é o islã radical, mas que o Ocidente não mais acredita em si mesmo? Será capaz de se renovar como fez há dois séculos? Ou irá se desmoronar como a União Soviética pela decadência interna. “Encontramos o inimigo”, diz uma caricatura da personagem Pogo, “e ele somos nós mesmos.” Este é o desafio do 11 de setembro. É uma questão de tempo que juntos o encontraremos.
Disponível em: 06 out. 2011. Costa, Dival.


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